sexta-feira, junho 30, 2006

Querido diário

No ano de 2004, a indústria japonesa de moldes produziu moldes e cunhos no valor de 412 biliões de ienes. Desta quantia, a produção de moldes para plástico representou 38,7%: 159 biliões de ienes.

Verificou-se em apenas dois anos uma subida abismal do preço médio unitário dos moldes para plástico, de 1.291.000 ienes em 2002 para 2.470.000 em 2004: um acréscimo de 191%.

terça-feira, junho 27, 2006

Dilemas

Passo o fim de semana nos espaços que mais gosto ou vou conhecer novos lugares? Bebo uns copos à noite ou caminho uns passos de manhã? Ouço música rock ou tradicional japonesa? Poupo ienes para grandes viagens ou dou saltos insignificantes na periferia? Estudo os katakana ou estudo os hiragana? Vou de metro para Shibuya, Harajuku ou Omotesando? Almoço com a Ayumi ou janto com a Megumi? Quando voltar a Portugal, fico uma semana ou aguento-me duas semanas?

domingo, junho 25, 2006

Fotografia - impressões nocturnas

Amizade reencontrada

Encontramo-nos na periferia de Tóquio. Reconhecemo-nos facilmente, tal a expectativa. Faço uma vénia, Ryuji estende a mão. Finalmente o abraço, universal. Perguntas incansáveis acompanham os passos por entre os domingueiros em Omyia. Minutos depois estamos no shopping a ver cãezinhos robotizados. Ryuji é japonês…

Professor de crianças brasileiras, condutor, educador de infância. O trabalho ocupa-lhe mais de doze horas por dia. Procura novo emprego, na capital, em que possa ganhar mais e trabalhar menos horas. A ensinar português. Este amigo viajou e estudou no Brasil e em Portugal com os seus próprios recursos.

Já numa izakaya (tasca), os risos inebriados pelo saqué recordam os colegas da equipa de futsal da Universidade de Aveiro. Durante os treinos, preferia sempre jogar numa equipa internacional, ao lado do Ryuji. Construímos esta amizade dentro do campo. Diz-me: “És o primeiro amigo que fiz em Portugal e no Brasil que reencontro. Nunca pensei que alguém viesse ao meu país.”

(fotografias em efeito-niponico)

sexta-feira, junho 23, 2006

Em missão - Feira Interior Life Style 2006

Empresas portuguesas e o precioso apoio dado pela Delegação do ICEP.

Gestão de neurónios

Cada vez estou menos tempo absorvido pelo ecrã do computador. O tempo voa, os neurónios também.

Fiz as contas... se trabalhar sete horas por dia em frente ao "pc", 11 meses úteis por ano, durante mais 30 anos, vou passar 1925 dias a rebentar a visão.
São 5 anos da minha vida. Não acreditei. Fiz as contas outra vez. Bate certo. E quanto me diverti eu nos meus primeiros cinco anos de vida, sem computador.

quinta-feira, junho 22, 2006

Imagens narrativas I

Passeava sem rumo nas ruas decadentes de Shinjuku. Não pude deixar de disparar. Gosto da cor. Dos cabelos, das roupas ondulantes. Das coxas do Sol artificial. Do táxi.

Mostrei a foto a uma amiga japonesa. Explicou-me o que faziam os rapazes de negro. No Japão o assédio de rua tornou-se habitual: fatos escuros oferecem companhia para jantar, para conversar. As casas de sensualidade mudaram de sexo. E vieram para a rua.

Não há título melhor para esta narrativa de uma só imagem que um pormenor dela própria: "Everybody play the game".

terça-feira, junho 13, 2006

Tiagosan?

San significa notável e é usado como instrumento de respeito na comunicação em japonês. Uso este sufixo para tratar as senhoras com quem trabalho: Takei-san, Takaoka-san, Hasegawa-san, Maekawa-san, Nagai-san e Okumura-san.

Tratam-me por Tiago-san. Tiagosan é o meu alter-ego cibernético, não me apresento assim no Japão. Mas quase: Tiago Santo, a deturpação que o meu nome sempre escondeu.

E ao 7º... futsal!

Se há desportos que eu gosto são os colectivos.
Se há desporto colectivo que eu pratico é o futsal. Se há futsal, há uma bola e um campo.
Se há um campo, no Japão, pode ser no 7º andar.








(o quadro com o nome dos jogadores)
(mais fotografias em efeito-niponico)

quinta-feira, junho 08, 2006

Ao ritmo das gravatas

O estágio na Delegação do ICEP em Tóquio é o meu primeiro emprego. É o meu primeiro horário laboral: das 10h às 18h, sem falhas. A gravata também não falha. O ritmo que ela me imprime é assustador: a viagem de segunda a sexta-feira é um rio ondulante rápido demais de se atravessar. O fim-de-semana, uma tarde numa praia, ao sol. A noção de segundo alterou-se.

1982 D.C.

1982, ano que mudou o mundo, lê-se assim em japonês: sen kyuu-hyaku hachi-juu ni.

Exmo Senhor Dr...

Hiraganas

O idioma japonês é uma mistura de três alfabetos: Hiragana, Katakana, e os apavorantes Kanji. Os dois primeiros são silabários sonoros, com 48 caracteres cada um. Os Hiragana permitem escrever qualquer palavra em japonês. Os Katakana são usados para escrever palavras estrangeiras, como Tiago ou Ferrero Rocher.

Aprendi sozinho os Hiragana em duas semanas.
Qualquer pessoa com vontade de aprender o consegue seguindo o acessível método de aprendizagem por imagem associativa. Memorizei o "shi" em segundos, por o associar a um chicote. O "tsu" é uma onda, feita por um tsunami. O "to" é um touro. E assim por diante, todos têm uma imagem associada.

Foi o meu passatempo favorito neste primeiro mês japonês: é divertido ler sem saber o significado do que leio.

sexta-feira, junho 02, 2006

Design Festa

Estava desde o primeiro dia na minha agenda: 21 de Maio, o maior evento artístico da Ásia. No Design Festa qualquer pessoa pode expor aquilo que cria. Até pode não expor nada: "tudo é arte" recordo uma caricata professora da universidade.

Os criadores amadores mostram o seu talento, sem custos e timidez. Muitos sonham ser artistas, como os que se dizem artistas, que não se misturam com esta plebe criadora, e talvez fiquem pelo estúdio a assinar autógrafos milionários.

Disperso por uma área gigantesca, fui contagiado pelo fervilhar de criatividade artística, de comunicação multi-meios, de sorrisos humildes.
Adoro incubar pensamentos. Transformar algo que não existe em existência, material ou conceptual. É uma relação directa: quanto mais se pensa, mais se pensa. Sou um géiser de ideias, fui ao paraíso criativo.








(mais imagens em Efeito-Niponico)

Treme

Acabo de sentir um leve abalo sísmico.
Uma onda fez tremer as paredes, a minha barriga também.
Foram apenas uns três segundos, habitual em Tóquio.