Querido diário
Verificou-se em apenas dois anos uma subida abismal do preço médio unitário dos moldes para plástico, de 1.291.000 ienes em 2002 para 2.470.000 em 2004: um acréscimo de 191%.
Passo o fim de semana nos espaços que mais gosto ou vou conhecer novos lugares? Bebo uns copos à noite ou caminho uns passos de manhã? Ouço música rock ou tradicional japonesa? Poupo ienes para grandes viagens ou dou saltos insignificantes na periferia? Estudo os katakana ou estudo os hiragana? Vou de metro para Shibuya, Harajuku ou Omotesando? Almoço com a Ayumi ou janto com a Megumi? Quando voltar a Portugal, fico uma semana ou aguento-me duas semanas?
Encontramo-nos na periferia de Tóquio. Reconhecemo-nos facilmente, tal a expectativa. Faço uma vénia, Ryuji estende a mão. Finalmente o abraço, universal. Perguntas incansáveis acompanham os passos por entre os domingueiros em Omyia. Minutos depois estamos no shopping a ver cãezinhos robotizados. Ryuji é japonês… Professor de crianças brasileiras, condutor, educador de infância. O trabalho ocupa-lhe mais de doze horas por dia. Procura novo emprego, na capital, em que possa ganhar mais e trabalhar menos horas. A ensinar português. Este amigo viajou e estudou no Brasil e em Portugal com os seus próprios recursos.
Já numa izakaya (tasca), os risos inebriados pelo saqué recordam os colegas da equipa de futsal da Universidade de Aveiro. Durante os treinos, preferia sempre jogar numa equipa internacional, ao lado do Ryuji. Construímos esta amizade dentro do campo. Diz-me: “És o primeiro amigo que fiz em Portugal e no Brasil que reencontro. Nunca pensei que alguém viesse ao meu país.”
(fotografias em efeito-niponico)
Passeava sem rumo nas ruas decadentes de Shinjuku. Não pude deixar de disparar. Gosto da cor. Dos cabelos, das roupas ondulantes. Das coxas do Sol artificial. Do táxi.
Se há desportos que eu gosto são os colectivos.
O estágio na Delegação do ICEP em Tóquio é o meu primeiro emprego. É o meu primeiro horário laboral: das 10h às 18h, sem falhas. A gravata também não falha. O ritmo que ela me imprime é assustador: a viagem de segunda a sexta-feira é um rio ondulante rápido demais de se atravessar. O fim-de-semana, uma tarde numa praia, ao sol. A noção de segundo alterou-se.
O idioma japonês é uma mistura de três alfabetos: Hiragana, Katakana, e os apavorantes Kanji. Os dois primeiros são silabários sonoros, com 48 caracteres cada um. Os Hiragana permitem escrever qualquer palavra em japonês. Os Katakana são usados para escrever palavras estrangeiras, como Tiago ou Ferrero Rocher.
Estava desde o primeiro dia na minha agenda: 21 de Maio, o maior evento artístico da Ásia. No Design Festa qualquer pessoa pode expor aquilo que cria. Até pode não expor nada: "tudo é arte" recordo uma caricata professora da universidade.
(mais imagens em Efeito-Niponico)