quinta-feira, março 29, 2007

Dicionário de japonês I - Justaposição de dissílabos iguais

giri-giri = no limite
maa-maa = mais ou menos
bara-bara = espalhado; repartido
gara-gara = vazio
hara-hara = nervoso
betsu-betsu = separado
potsu-potsu = chuviscos
gocha-gocha - confuso; misturado
kuta-kuta - cansado; exausto
mada-mada = insuficiente
doki-doki = excitado
peko-peko = esfomeado
iro-iro = vários
ira-ira = impaciente

quarta-feira, março 28, 2007

Rabiscos do parque nipónico

Decifrando as regras do parque...
Segurança é qualidade de vida.
Os contentores do lixo já foram removidos das ruas do Japão; quem faz lixo, leva-o para casa.
Os jogos com bola são proibidos neste lugar, porque existe um local específico que serve somente para os jogos com o mais simples brinquedo do Mundo; as crianças encontram limites à exploração da traquinice, o mundo onde brincam é arquitectado. (Mas que lhes importa isso…)
Apesar de atrelados, os cachorros estão a ganhar espaço no país com mais falta de espaço; os seus excrementos também são levados para casa.
A fronteira entre a fotografia profissional e amadora é imperceptível. O amadorismo displicente, invisível.
O uso do idioma inglês é simultaneamente burlesco e admirável.

No fim de contas, as regras são cumpridas.

terça-feira, março 27, 2007

Desorientações na selva urbana

Os habitantes de Tóquio, capital Fungi do urbanismo, movem-se munidos de mapas para encontrar o X pretendido. Qualquer estabelecimento exige a carta de orientação ou uma seta humana estrategicamente colocada em caso de evento importante.

Apesar da eficiência japonesa espalhar quadros “You Are Here” pelas ruas que não têm nome, descobrir uma morada no Japão é um ensaio para o jogo Sudoku. Enquanto as cidades se dividem numericamente em áreas, quarteirões e prédios, a matemática namora a geografia e a antropologia pisca o olho ao Japão. Se um dia escrever uma morada em japonês, comece pelo código postal e acabe na abreviatura Srª.
Os japoneses não são diferentes nem são do contra, são simplesmente japoneses.

(A melhor bússola é caminhar, sem destino.)

quarta-feira, março 21, 2007

Mitos portugueses III - Máscaras de gás

Segundo sei, não existe urânio empobrecido nas ruas do Japão. Mas tenho a certeza que em pragmatismo não há só um crânio entendido.

Como o japonês considera em grupo antes de se lembrar de si, sabe como é simples e funcional não transmitir o seu vírus gripal a outros: usando uma máscara.
Uma máscara que não protege da poluição. Porque a única poluição que se vê e se sente é a visual, da incursão permanente da publicidade.

sábado, março 17, 2007

Amarelo M

Mudam-se os hambúrgueres, mantêm-se as vontades.
Amarelo M, teus afazeres, semear obesidades.
Os papás dizem sim ao moço, e o repasto da felicidade
É o pequeno-almoço de qualquer cidade.
Amarelo M, de maquia e malefício,
Na Coca-Cola andas a esconder o vício.
O pouco pato Donald engorda de dinheiro
Seu perfume engordura o tempo inteiro.
Se outros lá estão, aqueles copiam a acção.
Sobe o colesterol, como o balão do João.
Amarelo M, eles não estão a perceber,
Que fazes deles o que te apetecer.

quinta-feira, março 15, 2007

Provérbio japonês

Cai sete vezes, levanta-te oito.

quarta-feira, março 14, 2007

Imagens narrativas VI - Tons de vaidade

Recordo os primeiros dias a bordo desta ilha… convencido que as tonalidades capilares eram naturais. Ingenuidade e jet-lag? Ou dificuldade em acreditar que uma percentagem assustadora de nipónicas tinge o cabelo com a cor da vaidade e que a metrosexualidade lhes segue o exemplo?

Como tudo neste zoo da imagem que é o Japão, também os cabelos são tratados pela minúcia. Os clientes podem escolher qualquer hora do dia para a tosquia, em cabeleireiros-bar ou lojas de sapatos-cabeleireiros. O preço do aparo do couro cabeludo nipónico varia entre o pouco barato e o estupidamente caro.

A arte do corte é aprendida em escolas especializadas: os cabeleireiros japoneses já são considerados artistas em vez de barbeiros. E enquanto não há clientes, e porque nasceram japoneses, treinam a tesoura em cabeleiras postiças.

terça-feira, março 13, 2007

Shinjuku e seus espécimes remotos

Milhões de pessoas se ignoram todos os dias na estação de Shinjuku. O maior portão ferroviário da capital, Shinjuku é também o centro de negócios, comércio e entretenimento.

É lá que está o Kabukichô, considerado o local mais perigoso do Japão, onde não há assaltos e violações, mas sim respeito, limpeza e muitos restaurantes. Mas por este distrito vermelho avistam-se homens com menos um dedo pela honra de pertencer à máfia yakuza.

Entre luzes que chamam dinheiro, vigésimos andares de equipamentos electrónicos, compassos de elegantes sapatos, salarymen cambaleando depois do trabalho, em Shinjuku é ocidentalmente fácil perceber que não se alcança o Japão. Exige muitos endurecidos anos para se chegar ao limiar da inacessibilidade.
Daí que no Japão muitos estrangeiros acenem a cabeça uns aos outros, um gesto de cumplicidade de se sentirem aparte no formigueiro da ordem.

Shinjuku opera à japonesa; mas se assim é, significa que funciona.

Shinjuku, aqui.

terça-feira, março 06, 2007

Sobetsukai

A palavra japonesa "betsu" significa separar e é o sobetsukai que celebra a despedida. Nove meses decorridos desde o início do meu Estágio na Delegação do ICEP, foi a vez do meu sobetsukai, onde se festejou também o nascimento de um bébé profissional.

Repartido entre os tons escurecidos do vermelho da soja e do vinho alentejano, o último almoço deste nível completado da brincadeira da minha existência, foi pensado ao pormenor. Afinal, estamos no Japão. E no país que erradica os erros, as imperfeições sao avaliadas antes de sucederem.
Considerando a posição profissional, o género sexual e o fluir de diálogos, os lugares dos participantes foram estudados...
E estudados novamente.