Hino Japonês
Governai, meu Senhor, até que os que agora são seixos
Transformem-se, unidos pelas idades, em rochedos poderosos
Cujos lados veneráveis o musgo cobre.

Já calculava os turistas atraídos como abelhas a este meloso local, intrometendo-se nas meditações do Grande Buda. Continuo a tentar entender a religião. Simpatizo com este ser gorducho, inspirador.
Continuo a tentar entender o frenesim turístico. O Buda de 13 metros construído no século XIII tem o azar de ter a barriga alugada a térmitas excursionistas, sem descanso de flashes e fotos de grupo coleccionadoras de lugares.
Descobri com Ele que a indústria dos souvenirs é universal. Como Ele, pus-me a meditar sobre o assunto à volta de incontáveis templos, desabrocháveis flores e inenarráveis multidões...
O melhor é cerrar os olhos e cogitar no escuro.
Imagens em efeito-niponico.
Farto-me facilmente das noites fechadas na discoteca. A minha cabeça cansa-se do álcool, a minha roupa do fumo, os meus olhos do meat market socialmente decadente. Estas noites existem no Japão. Mas há outras em que o assédio e a embriaguez são diferentes. Todos pelo mesmo: a música. Sem flirts e empurrões.
Esta cidade de multidões provoca solidões. Quem não convive bem sozinho não é feliz em Tóquio. Eu sou, muito. Sempre gostei de enfrentar a vida sozinho. Em grupo somos mais um, a parte do colectivo. Sozinho somos um, o todo individual.
Não sei se o parque Yoyogi é um mundo ou um conjunto de mini-mundos. A vida está lá como está no Planeta. Seres diferentes expressam diferença. Uns cantam, outros dormem. Outros passeiam, outros passeiam cães, coelhos ou doninhas. Por entre discos sem retorno e malabares profissionais esvoaçam corvos que grasnam ao ritmo dos jambés. Bolas de futebol cruzam bolas de basebol. Saxofones embalam modelos fotográficos em poses comerciais. Estridentes guitarras eléctricas combatem sereias nipónicas tocadoras de birimbau. Petizes felizes tomam banhos alegres. Réplicas vivas do rei do rock provam que é imortal. Piqueniques familiares enchem tardes de Domingo. Breakdancers giram ao lado de aprendizes de sapateado. Grupos de salsa aprendem os passos correctos.Eu aprendo os passos da vida e fico a pensar que poderia eu expressar neste mundo Yoyogi… Não canto, não danço, não sou expert em nada. A minha expressão é observar. Que sei eu senão viajar? 
Mais imagens de Yoyogi em efeito-niponico.