A harmonia vestida de uniforme e o absurdo do Inverno
Os uniformes de estilo ocidental são usados na Educação japonesa desde o final do século XIX. Actualmente, o ensino público obriga as crianças dos 13 aos 18 anos a vestir o standard exterior. Enquanto os rapazes vestem de estilo militar e na puberdade se habituam à gravata, o traje de marinheiro é o mais comum para as meninas. As vestes variam de escola para escola, mas pouco. Na sua lolitomania, algumas escolhem a escola consoante o tipo de uniforme, e é certamente uma menina colegialmente vestida que espevita o primeiro calor de um japonês.
O uniforme é um elemento central no Japão, um símbolo da juventude e um álbum de memórias.

(Se as crianças portuguesas soubessem o que é ser grande, decerto responderiam à entrevista com um “quero ser pequeno!”).
Certos jovens nipónicos, no período auge da irreverência, vêem o traje como um preconceito de conformismo e tentam adulterá-lo para se naturalizarem. Apenas querem elevar o seu eu no local idealizado para que todos pareçam iguais.
Assim, subvertem o instalado afastando o nó da garganta, desabotoando camisas ou, mais explícito... tornando a saia uma mini-saia. As saias originais são longas, mas as meninas enrolam-nas e os olhares rebolam.
Tal atrevimento transformou as colegiais num símbolo sexual, e talvez por isso muitas usem meias com o símbolo do Coelho rosa. O alvo do fetiche é o vestuário em si: à medida que as saias foram subindo, os uniformes escolares tornaram-se uma importância inegável nos ímpetos naturais japoneses e nas indústrias que os patrocinam.
A vantagem da farda (além de extinguir ricos e pobres) é que as meninas não perdem tempo de manhã a escolher o que vestir, todos os dias conscientes da importância da imagem.
Agora que com Fevereiro chegou o pico do Inverno e os graus baixam a negativos mas a saia continua subida, muitas estudantes protegem os pescoços com o mesmo cachecol Burberrys.
A menina japonesa tem frio no pescoço mas não nas pernas: aguenta a temperatura para alcançar o mais importante, estar bonitinha.
No Verão não custa tanto estar bonita, aqui.