quinta-feira, abril 12, 2007

Tate-mae, o esconderijo da verdade

O risco de fiar num sorriso nipónico enfrenta a dualidade ética da sua cultura: ser social Vs ser pessoal. Na vida formal dos japoneses (o mesmo que dizer todos os dias), os seus sentimentos e opiniões nem sempre expressam o que realmente sentem, mas o que é conveniente ser dito, para evitar que a franqueza agrida ou emocione.

Esta aparente mentira em prol da harmonia é o "Tate-mae", considerada uma estratégia para suavizar as relações. Se a verdade pesa, o japonês guarda-a para si e afirma algo que soe agradável. O que se traduz numa gentileza falsa.
O conceito de “Hon-ne” reflecte o reverso, o pensamento verdadeiro, frequentemente escondido pelo "Tate-mae" ou pelo silêncio.
E o importante papel da embriaguez no Japão revela-se também no feitiço de desobstruir o "Hon-ne" dos seus habitantes.

Não é fácil para um latino adaptar-se a estas vozes simpáticas, depois de aprender com seu pai a ouvir aquilo que não quer ouvir, a ouvir a verdade que dói. Mas constrói. Certamente que os papás do Japão fazem o mesmo com os seus filhos, largando o "Tate-mae" na alfândega da verdade, a intimidade.

1 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

Olá Tiago! Não te tenho visitado tão assiduamente quanto costumava, à conta do trabalho que dá ir para férias. O que é absurdo, mas muito real.
Volta e meia sinto-me provocada pelo Japão e certamente por ti, na forma latina de o veres. Desta vez,ao dares a conhecer o Tate-mae posso dizer que "me lixaste". Pratico-o com frequência, mas sob um nome que confunde : bom-senso. Já viste os absurdos em que andamos também por aqui?
Um beijo grande e a certeza que és muitas vezes lembrado pela Ana e Pedro.

22/4/07 2:48 da manhã  

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