A anarquia dos guarda-chuvas
Eu que sempre ignorei a secção política dos jornais, li numa tarde livre um livro sobre anarquismo. É melhor sonhar o impossível que viver o conformismo.
O conceito de não-propriedade a que alude o anarquismo continua presente na impossibilidade das minhas ilusões. Que direito têm os David Beckhams do Mundo de possuir vinte BMW's estacionados quando há quem não tenha pés e caminhe?
(Todos sabemos a resposta. Se não souber, não fique em apuros, é possível comprá-la.)
Em Tóquio os guarda-chuvas são relevantes. Para muitas senhoras, combina com o vestido, mas nas práticas quotidianas, também abriga da chuva. Tudo aquilo que protege, assegura ou ampara é usado por japoneses e daí que qualquer chuvisco abra o objecto mais ergonómico.

Imagine-se então um aglomerado urbano com, por exemplo, dez milhões de chapéus-de-chuva ambulantes. A anarquia reina: não-propriedade. Saio de casa com o guarda-chuva comprado na loja de conveniência, no café já mo levaram e pego noutro sem pedir licença, e mais tarde faço uma troca amigável com um citadino invisível. De facto, quem anda à chuva molha-se, mas "nokorimono ni wa fuku ga aru" diz que a sorte existe nas sobras.
O conceito de não-propriedade a que alude o anarquismo continua presente na impossibilidade das minhas ilusões. Que direito têm os David Beckhams do Mundo de possuir vinte BMW's estacionados quando há quem não tenha pés e caminhe?
(Todos sabemos a resposta. Se não souber, não fique em apuros, é possível comprá-la.)
Em Tóquio os guarda-chuvas são relevantes. Para muitas senhoras, combina com o vestido, mas nas práticas quotidianas, também abriga da chuva. Tudo aquilo que protege, assegura ou ampara é usado por japoneses e daí que qualquer chuvisco abra o objecto mais ergonómico.

Imagine-se então um aglomerado urbano com, por exemplo, dez milhões de chapéus-de-chuva ambulantes. A anarquia reina: não-propriedade. Saio de casa com o guarda-chuva comprado na loja de conveniência, no café já mo levaram e pego noutro sem pedir licença, e mais tarde faço uma troca amigável com um citadino invisível. De facto, quem anda à chuva molha-se, mas "nokorimono ni wa fuku ga aru" diz que a sorte existe nas sobras.

8 Comments:
Ainda me recordo, quando os meus Pais me levavam às feiras de Vidago que, para além dos vendedores de banha-de-cobra e de tanto burro albardado, estranho, estranho para mim, miúdo ladino, era ver tantos guarda-chuvas a guardar o sol!...
Abraço do Pai
Tenho que voltar a estudar japonês!
Até porque é mais facil que este malfadado Norueguês!
Os japoneses têm ideologias tão interessantes!
Interessante como sempre...
Interessante como sempre...
Fantástico... numa pesquisa sobre a china e gestão estratégica internacional, caí nesta página, com informações tão peculiares e interessantes.
A tua página será referênciada de certeza ao longo do meu trabalho de investigação. Obrigada:)
É bom encontrar blogs como o teu que nos trazem um pouco da tua experiência.
Um amigo certa vez ficou divagando o seguinte: nos dias de chuva as pessoas saem às ruas em protesto, com seus guarda-chuvas em punho, todos levantados, ele ficava imaginando uma revolução silenciosa naqueles guarda-chuvas coloridos que iam e vinham, como se todos estivessem empunhando bandeiras contra a chuva ou com o fato de ela ser molhada. Lembrei disso na hora que vi sua segunda foto.
Fiquei impressionada com este blog com a riqueza das palavras, não me canso de o ler.
A cada texto, uma surpresa agradável.
Imagino como deve ser agradavel viver no Japão.
Agora que descobri esta fonte de conhecimentos:).... até breve... aguardo novidades
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