quarta-feira, outubro 11, 2006

Hirosaki

Chego a Hirosaki quando o Sol cora por se despedir. Tenho de decidir em instantes se fico ou continuo por mais terras no pouca-terra. Quero ficar pelo que leio no guia sobre o castelo, mas a minha conta bancária está indecisa. É ela que ouve a resposta no Posto de Turismo: o Hotel mais barato é o Cápsula, que inclui onsen. A conta bancária não torce o nariz e eu ergo as sobrancelhas. É a oportunidade de aliar duas estreias.



O espaço nipónico é racionalizado à densidade populacional. Normalmente exclusivo a homens, a cápsula é um beliche fechado, com televisão, rádio e despertador. Um mundo machista no qual vou descobrindo as regras sem perguntar.

Dispo-me e entro no onsen sentindo-me um alienígena. De imediato o banho quente ferve-me de relaxe.
Do you like the japanese hot springs?”, pergunta-me um senhor barrigudo. É o Professor Kozuma. Os seus alunos de Psicologia Desportiva convivem no onsen descontraidamente nús, numa aula entre a sauna e a água quente e a sauna e a água fria. É, no mínimo, japonesa, a forma como conheço o psicólogo da Selecção Nacional de Judo. Convida-me para me juntar ao jantar. Despido de qualquer preconceito, aceito. O Prof. Kozuma acaba por me oferecer a refeição: a minha conta bancária esfrega as mãos e eu encho a barriga.

No dia seguinte, mostram-me no Turismo a bicicleta disponível. É pequena e feminina, mas é grátis, e vou num pedalar até à Rua dos Samurais: “A bicicleta dada não se olha a cor e o tamanho.”
Pelo caminho provo as famosas maçãs de Hirosaki. A cada dentada, cresce o desejo de voltar a este ar respirável de afabilidade que não existe na cidade. Lugares onde o mundo não acaba senão no recorte montanhoso do horizonte, aconchegando vidas em horas de pacatez.

Mais fotos de Hirosaki, aqui.

4 Comments:

Blogger Unknown disse...

As tuas aventuras pelo japão alimentam ainda mais o meu desejo de conhecer a cultura oriental. O Hotel parece ser interessante. Sempre tive curiosidade de conhecer essas cápsulas. E a "jitensha" que te arranjaram é muito "kawaii" (^_^)v

11/10/06 8:44 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Quem morre?
Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

Plabo Neruda - Poeta chileno (12/7/1904-23/9/1973). Prêmio Nobel de Literatura de 1971, militante comunista, antifascista e anticlerical, é considerado uma das maiores vozes da poesia latino-americana, autor de Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada (1924).

11/10/06 9:43 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Sei lá nao sei... as vezes penso q ate sei, mas nao sei.~
O que sei, e tu tambem sabes, sabemos os dois entao, é que a distancia nao conta quando andamos bem, e sei que andas bem...

grande abraço

12/10/06 5:38 da tarde  
Blogger Madame Pirulitos disse...

Ora se cá ainda não se ceita bem a arte-terapia e tudo o que seja diferente, como seria dar uma aula de psicologiaem nu integral, mesmo que de psicologia desportiva? Gostei.

15/10/06 8:25 da tarde  

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