quinta-feira, setembro 20, 2007

Trabalho é conhaque

Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque.
Trabalha o conhaque depois do trabalho.
Conhaque sem trabalho dá trabalho sem conhaque.
Conhaque é trabalho, trabalho é um baralho.
Sem conhaque não há trabalho, sem trabalho não há conhaque.
Mas sem trabalho o conhaque não sabe a conhaque. Logo o conhaque sabe a trabalho.
O trabalho sabe a trabalho.
O trabalho é conhaque: Design Festa - Everyone is an artist!

sexta-feira, setembro 07, 2007

Poucas vezes se diz Sayonara em Japonês

Não gosto de despedidas. Não me considero especial por isso, pois como eu há muitos. Prefiro o até breve “gyaneee”. Com essas coordenadas fiz questão de estar presente no último jantar do compincha Pedro. Afinal ele fez questão de apadrinhar o meu primeiro jantar em terras nipónicas. E que baptismo foi. Muito mais emocionante e enriquecedor do que o com a água benta.
Na primeira noite em Tóquio fui directo à alienação de Roppongi, guiado pelo Pedro e coadjuvado por esse perigoso triângulo equilátero de álcool, japonesas e jet-lag.


Atalho sempre pela expressão “aprendo com toda a gente”. E com o Rodrigues-san aprendi muito. Via como uma fotocópia cultural de mim próprio tinha aglutinado em tão pouco tempo os valores profissionais do Japão, o aguentar samurai das emoções, e partilhei com ele essa vã tentativa de nos abstrairmos do que (não) aprendemos no princípio da vida, do peso trapalhão de nascermos portugueses. Mas aos trambolhões também se caminha.

Depois de dois anos e meio de Tóquio, o Pedro volta à Europa, crescido de ainda não tem noção de quê. O efeito nipónico é como os sismos: podemos estar a dormir no momento do abalo maior, mas à posteriori sentimos – e de que maneira – as réplicas.

Eu e o Pedro conseguimos algo que muitas pessoas não conseguem: comunicar.
Diz-me: “Depois do Japão tudo vai ser mais fácil.” Eu discordo logo de seguida (a discórdia é o baloiço da comunicação). Digo-lhe que na minha opinião o Japão só parece complicado para nós por ser tão simples. Chegar ao simples é mais complicado do que chegar ao complicado!
Dou-lhe exemplos: fui à Malásia, quero saber o preço do bilhete de autocarro e há vários preços, incertos e mutáveis de hora para hora; em Marrocos quero deixar o autocarro e sou abalroado por pessoas que não tiveram a minha oportunidade de aprender um pouco de civismo; toma cuidado em Londres caro Pedro, que um fanático embriagado pode revoltar-se barbaramente por tu seres de um país de futebol. Visto bem as coisas, é mais fácil ficar desfigurado na Europa (ou noutro lugar qualquer) do que no Japão. “Depois do Japão tudo vai ser mais fácil.”
A janela japonesa não “quer abrir”. Vai à força? Não. Tem truque. Para abrir basta um jeitosinho muito muito simples, muito japonês, pensado, não empurrado.

Um gyaneee para a única pessoa com quem nos últimos meses comuniquei no código de nascença, com o qual se escreve a palavra "amizade".